3° Relato de Viagem (Agra)

      
Assim que eu entrei no trem, notei que havia muitos vagões, muitos leitos, muita gente. Eu jurava que teria um lugar grande para colocar as bagagens, mas não tinha! Eu, com uma mala enorme de 26 quilos, parado no corredor do meu leito, sem saber o que fazer. Para minha sorte, as pessoas que estavam na mesma cabine que eu me ajudaram a colocar a mala num cantinho. Empurraram, subiram em cima, bateram até conseguirem encaixá-la debaixo de uma mesinha. rs

Neste momento, descobri o segundo motivo pelo qual a Índia me trouxe aqui. Eu tenho claustrofobia severa! No banco em que estava sentado – que mais tarde descobri que era uma cama – havia 2 pessoas do meu lado e mais três no banco de frente para a gente. Ao lado, havia mais três pessoas. Embora o espaço fosse minúsculo, eu ainda estava de boa. Presenciei coisas lindas: os indianos compartilhando comidas, bebidas, me ofereceram o delicioso chai, bolachas, frutas.
Lembre-se que estamos falando do segundo país mais populoso do mundo. As pessoas não têm espaço, privacidade na maioria dos lugares. No trem, é um muito perto do outro – é calor humano literalmente!

Das oito pessoas que viajavam comigo naquela cabine, apenas duas se comunicavam em inglês. Tudo estava muito calmo até as pessoas decidirem ir dormir. Os bancos viram vários leitos e cada um fica na cama de acordo com o número que está na passagem de trem. Assim que deitei, percebi que só tinha uma brecha para respirar. Tentei me acalmar, pois estava sentindo que uma crise de pânico se instauraria ali. Me concentrei, tentei cochilar e me acalmar. Quando o trem parou em uma estação intermediária, meu Deus do céu! Entrou no trem um número infinito de pessoas. Era gente empurrando, esmagada, até o ponto de ninguém conseguir se mover mais. Eu fiquei DESESPERADO! O problema não era tanto a quantidade de pessoas; era que a única brecha que tinha no meu leito estava bloqueada por trilhões de pessoas. Eu estava encurralado dentro de um buraco!

Depois de uns 20 minutos, as pessoas foram tomando seus assentos, desbloqueando a passagem. Eu dei um pulo do meu leito, fiquei em pé no corredor e, em pânico, decidi que faria a viagem em pé até a cidade de Agra. Alguns indianos me perguntavam o motivo de estar em pé, sendo que paguei mais caro para ter um leito no trem. Eu até tentei explicar para uma senhora, mas como conseguiria dizer pra eles, em Hindi, que eu tinha claustrofobia e que estava tendo um ataque de pânico?

O lado bom: a viagem pra Agra é bem curta. Graças a Deus, o pesadelo estava chegando ao fim! O lado ruim: eu já tinha comprado todas as passagens de trem: de Delhi pra Agra, Agra pra Varanasi e de Varanasi pra Mumbai. Depois de quase morrer num trem de 2 horas, você já imaginou o que aconteceria comigo se pegasse um trem de 36 horas? Gente, claustrofobia não é medo! É UM PESADELO!




(Foto de Shoko Muraguchi, do tripsavvy )

Para a minha sorte, o meu amigo de Agra me ajudou a cancelar as passagens. Ele conversou e brigou em Hindi com a moça do guichê. Recebi quase o valor integral que havia pago nas três passagens de trem. Se eu estivesse sozinho, NUNCA teria conseguido fazer todo o trâmite de cancelamento e devolução do dinheiro.  

Antes de sair do trem, não achei o banheiro com a privada ocidental. Então, por questão de emergência fisiológica, tive que usar o banheiro indiano. Foi uma experiência bem diferente: o trem em alta velocidade, o banheiro apenas com um buraco, sem papel higiênico! É claro que eu carreguei uma bolsa com papel higiênico durante toda a minha estadia na Índia. No total, levei 12 rolos de papel higiênico para a viagem toda. O que foi um grande exagero! rs



(Foto de Adam Pervez, do Happiness Plunge)

Os indianos não usam papel higiênico. Até mesmo em hotéis internacionais, eu tinha que, muitas vezes, solicitar que colocassem papel higiênico no banheiro do meu quarto. Anote na sua listinha de coisas para levar à Índia: 1. hipoclorito de sódio e  2. alguns rolos de papel higiênico. Don’t worry, darling! Everything will be just fine in the end.

Durante a minha pesquisa para viajar à Índia, não me lembro de ter encontrado nenhum blog que falasse de claustrofobia nos comboios indianos. Olha, pra quem sofre de claustrofobia, eu não recomendo que faça viagens longas de trem na Índia. A experiência de estar num comboio indiano é maravilhosa, culturalmente falando. Acho que todo turista deve fazer, pelo menos, uma viagem curta para vivenciar a riqueza cultural do momento. Porém, só quem tem claustrofobia sabe que não é mimimi nem brincadeirinha. Se você também tem essa crise, prefira viajar de avião para cidades muito distantes. Para comprar as passagens, baixe os aplicativos das low-cost domestic airlines in India: SpiceJet e IndiGo.

Finalmente, cheguei em Agra. Saí do trem apressadamente para me encontrar com o meu amigo indiano. Para minha sorte, não demorou muito para localizá-lo nas multidões e multidões que passavam pela estação de Agra.

Meu amigo Jayant e sua família indiana me receberam com flores. Eu fiquei emocionado porque nunca tinha ganhado flores de ninguém. Talvez, na nossa cultura ocidental, não seja comum um homem receber flores. Percebi que, na cultura deles, NADA FAZ MUITO SENTIDO PRA GENTE! Então, aprendi a apenas go with the flow (seguir o fluxo). Por mais que a gente se prepare para uma viagem assim, sempre haverá situações complicadas, embaraçosas. É só seguir o que diz o provérbio: When in Rome, do as the Romans do. A Índia é um lugar de intensa observação. Lá, você deverá olhar as coisas com os olhos normais e com os olhos da alma. Para quem gosta muito de tagarelar (principalmente, os geminianos rs), para quem ama se comunicar verbalmente, aprenderá a exercitar mais a observação. A Índia já é barulhenta o suficiente! Apenas olhe, reflita e sinta. Na cultura asiática, em geral, o sentir (coração) é mais importante que o falar (boca). (Aprendi isso quando morei com uma família coreana por quase dois anos).





                                                                                              (Flores que ganhei)

Eu cheguei em Agra de noite. Não sei explicar muito bem, mas dava para saber que aquele lugar era diferente de New Delhi. A impressão que tive era que Agra era mais rural, escuro e havia mais poeira nas ruas que Delhi. O ar em Delhi era mais poluído, mas as ruas em Agra eram mais sujas, menos cimentadas. Quando eu estava no Brasil, no meu imaginário, a Índia era uma coisa só. Assim que pisei em Agra, percebi que a Índia tinha muitas faces. As roupas, comidas, costumes, tudo era diferente!






(Templo sique)

Meu amigo Jayant estava preocupado com a minha alimentação. Então, me levou para jantar ao Domino’s Pizza. Me dirigi ao balcão e disse que queria qualquer pizza, desde que não tivesse nada de pimenta. O atendente riu e me mostrou no menu a cheese pizza. Eu, já por dentro da cultura indiana, perguntei com certo desespero: “Are you sure there’s no spice at all in the cheese pizza?” O atendente respondeu: “Just, just, just a little bit!” ahahahaha

Na manhã seguinte, reservei o dia inteiro para visitar o maior templo dedicado ao amor: o Taj Mahal. Estava muito frio! Acordei cedo para aproveitar o café da manhã do hotel. Eu escolhi um hotel que ficava quase em frente ao Taj Mahal. Sóóóó alegria! Só que não! rs O restaurante do hotel era mais sujo que uma borracharia. O garçom colocou o omelete e as torradas que pedi num prato que estava mais sujo que o Rio Tietê. rsrs

Pensei até em pedir para ele lavar o prato, mas, logo me lembrei, que a água da torneira estava contaminada. Respirei fundo, agradeci por trazer a refeição e comecei a comer. Aí, percebi que o pão não tinha manteiga. Chamei o garçom e pedi para trazer manteiga porque o pão estava seco. O garçom, com uma naturalidade tamanha, começou a tocar o pão que estava no meu prato para provar que tinha manteiga sim. Gente, parece coisa de filme! Aliás, tudo na Índia é coisa de filme. Eu olhei com cara de nojo e fiz gesto para ele tirar a mão do meu pão. Ele, super risonho e simpático, saiu da minha mesa. Apesar da fome que estava, fiz a refeição meio que por cima. O que me consolava era pensar que iria conhecer o magnífico Taj Mahal em alguns minutos. Se o guia turístico (meu próprio amigo) não tivesse atrasado quase 2 horas, eu teria visto o nascer do sol mais bonito do mundo. Apesar do stress da comida e do atraso, fechei os olhos e, sorrindo, acompanhei o guia até o portão do Taj Mahal.



(Depois do café da manhã, esperando o guia)

         Antes de chegar à bilheteria, a gente passa por um parque. Nunca tinha visto tantos macacos na minha vida! No portão de entrada, há também muitos vendedores. Um deles começou a nos seguir e queria que a gente entrasse no carrinho de passeio dele. Meu amigo, que falava a língua do vendedor, disse que não precisaríamos pegar esse carrinho até à bilheteria. Assim que meu amigo disse que morava em Agra (que era um local), o vendedor nos deixou em paz.

Comprei o ingresso e entrei em uma fila quilométrica! Se não me engano, havia quatro filas diferentes. Eles dividiam em residentes do país e estrangeiros. Os indianos pagam 100 rúpias e nós, turistas, pagamos 1.000 rúpias indianas. Muitíssimo justo! A rúpia indiana é extremamente desvalorizada! Então, nada mais justo que cobrar menos dos indianos.

Na fila, os indianos começaram a gritar comigo. Eu não estava entendendo nada! Aí, meu amigo me explicou que turistas podem pegar uma fila mais curta (própria para turistas) já que pagam mais caro que os residentes. Eu pedi ao meu amigo para falar pra eles que eu não me importava em ficar mais tempo na fila. Até um policial foi me aconselhar a pegar a outra fila, mas, como eu estava acompanhado de um residente do país, preferi ficar ali mesmo.

Chega uma hora que, ao olhar pra cima, você começa a ver algo gigantesco! Eu parei de andar, travei. Meu amigo teve que voltar para saber o que tinha acontecido. Eu precisava de alguns minutos para conseguir voltar a andar. Não dava para acreditar que eu estava prestes a passar pela portinha que dava acesso ao Taj Mahal. Pode parecer exagero para alguns, mas, estar ali era o meu sonho! Eu li em vários blogs e super concordo: não economize fotos no Taj Mahal! Você encontrará muitos ângulos, muitos lugares espetaculares ao redor. Tire MUUUUUUITAS fotos!



(Taj Mahal – Agra)

Eu super recomendo que você visite também o outro lado do Taj Mahal. O nome do complexo é Mehtab Bagh. Você conseguirá ver o Taj Mahal do outro lado do Rio Yamuna. O complicado de viajar sozinho na Índia é que as pessoas tentam passar a perna em você o tempo todo. Ao entrar no complexo Mehtab Bagh, meu amigo ficou discutindo feio com o guarda que estava na bilheteria. Depois que os ânimos se acalmaram, meu amigo me contou que o guarda queria cobrar mais caro de mim. Por ser estrangeiro, as pessoas acham que a gente tem a fortuna do Sílvio Santos, Neymar, Mark Zuckerberg, Bill Gates. Tadinhos, são tão iludidos! Logo eu, professor brasileiro da Educação Básica - dinheirinho contadinho pra tudo ahahahahaha.



(Yamuna River)

Enfim, mais uma vez, esqueçamos os dissabores da vida e vamos aproveitar para registar momentos maravilhosos! O Yamuna River é um rio sagrado para os Hindus. Eles acreditam que o Deus Krishna passou a infância nas águas do Yamuna.



(Jardins no Mehtab Bagh, Agra)

No mesmo dia, meu amigo indiano me levou a uma vila para visitar uns amigos dele. Conheci, em Agra, algumas áreas que apenas os locais conhecem. Ao entrar na vila, senti algo inexplicável. Via algumas crianças brincando e um garoto chorando, gritando. Parecia que o garoto tinha alguma necessidade especial, mas os gritos eram medonhos! Fui entrando por vielas e mais vielas até chegar à casa dos amigos. Ficamos pouquíssimo tempo lá porque algumas pessoas da casa estavam muito doentes.

Ao voltar pro hotel, a única coisa que eu conseguia fazer era chorar. Meu amigo me colocou no tuk-tuk e pediu ao motorista para me levar de volta pro hotel, que ficava do outro lado da cidade. O motorista do tuk-tuk queria saber o motivo de estar chorando, mas nem eu mesmo sabia! Quando cheguei ao meu quarto, chorei por horas. Nunca na minha vida eu havia chorado tanto! Graças a Deus que depois da tempestade sempre vem a calmaria! Eu, naquele momento, descobri o terceiro motivo pelo qual estava na Índia. Peço desculpas para os meus leitores, mas não poderei relatar aqui a revelação que tive. É algo muito pessoal e, ao mesmo tempo, envolve outras pessoas. Então, por respeito à Mãe Índia e aos indianos, suprimirei essa parte.

Nos dias seguintes, conheci outras regiões que não eram visitadas por turistas. Tive jantares e cafés muito especiais com a família do Jayant. Eles foram tão carinhosos e cuidadosos que se tornaram a minha família!



 (My Indian family)




(Indian Food)

Com eles, conheci templos, aprendi algumas coisas sobre o hinduísmo e tive que aprender a falar um pouquinho de hindi. Sem saber que eu amava e colecionava canecas, eles me deram o melhor presente que uma pessoa deste planeta poderia me dar:


(Such a special mug)

Tenho tanto xodó por essa caneca que atravessei os dois oceanos com ela no colo. Para mim, é um objeto sagrado que representa uma ligação pura com a minha família indiana de Agra.

Antes de ir para a próxima cidade, preciso relatar duas experiências que tive em Agra. Num belo dia, ao buscar os sobrinhos do meu amigo na escola, as crianças se curvaram e começaram a tocar o meu pé. Eu já sabia que, na cultura indiana, os mais novos devem tocar o pé direito dos mais velhos (pais e avós); para eles, é uma forma de pedir benção e proteção. Eu não entendi o porquê as crianças tocavam o meu pé direito. Ora, eu nem era tão velho assim! Aí, meu amigo e sua família deram a explicação:

Você não é uma pessoa normal aqui. Você e os demais professores são considerados deuses para nós. Vocês partilham conhecimento e sabedoria com a sociedade e, para dividir o conhecimento, a pessoa não pode ser egoísta. A sociedade inteira só funciona se tiver conhecimento. Portanto, vocês, professores, são muito respeitados e sempre têm a palavra final.” 

Para mim, sujeito professor, foi a melhor homenagem que já recebi na vida! Para os meus leitores aqui que são professores: não desistam da profissão! Pelo menos, na Ásia, você é um Deus, uma Deusa.

Bem, eu disse que relataria duas últimas experiências. A primeira foi uma linda vivência: o respeito que a sociedade tem com a figura do professor. Já a segunda experiência, foi um pesadelo.

Por causa de alguns acontecimentos, eu resolvi estender a minha estadia em Agra. Não havia mais vaga no hotel em que estava; então, tive a péssima ideia de me hospedar num hotel X. As pessoas da recepção, toda a staff do hotel, pareciam bem amigáveis. Fiz o check-in, deixei minhas coisas lá e fui jantar com a minha família indiana. Na volta, os recepcionistas não deixaram eu entrar no quarto, alegando que o pagamento não tinha sido efetuado. Eu tinha reservado todos os hotéis por meio de um aplicativo super confiável. Em todas as viagens que realizo, eu faço a reserva por esse aplicativo. Foi uma situação horrível e abusiva! Dois funcionários do hotel disseram que eu não entraria mais enquanto a empresa do aplicativo não fizesse contato com eles. Eles pediam para eu ligar imediatamente para a empresa. A pressão foi tão grande que colocaram dois funcionários na minha cola, no saguão do hotel, para ficarem de vigia.

Primeiramente, como eu ligaria do outro lado do mundo para o Brasil? Também tinha a questão do fuso horário. Fiquei DESESPERADO! Todas as minhas coisas estavam no quarto porque eu já havia feito o check-in. Enfim, graças a Deus, eu tive a ideia de ligar (pelo WhatsApp) para dois amigos: o André e o Saulo. Esses dois foram anjos que caíram do céu! Eu conversei com os dois e pedi para que eles ligassem para a empresa. Ambos ligaram para a companhia e, em questão de 30 minutos, a empresa ligou pro hotel em Agra para dizer que a transação havia sido feita. Os meus amigos me diziam que a empresa já tinha ligado pro hotel, mas quando eu perguntava aos recepcionistas, eles me ignoravam! Até que, silenciosamente e com cara fechada, os “guardas” saíram de perto de mim e, deduzi, que já teria a permissão para voltar pro quarto.

Vocês acreditam que eles fingiram que nada tinha acontecido? Gente, eu só surtei duas vezes na Índia e, a primeira vez, foi nesse dia. Quando eu entrei no quarto, eu liguei para o Saulo e comecei a gritar que colocaria o nome do hotel no site do tripadvisor, que iria acabar com a imagem deles, que deveria ter chamado a polícia, etc. Depois de algum tempo fazendo barulho e escândalo, adormeci. rsrs

Dica valiosa pra vocês: ao reservar um hotel na Índia, envie todo o comprovante da reserva para o e-mail do hotel. Se você ainda estiver no Brasil, envie a reserva para o e-mail do hotel e leve contigo uma cópia. Eu já tinha lido sobre isso em outros blogs. Fiz tudo bonitinho, enviei vários e-mails antes, deixei registrado e, mesmo assim, they gave me such a hard time!!!

Outras dicas valiosas: se você é casado(a) e está viajando com a(o) esposa(o), não se esqueça de levar a Certidão de Casamento. O norte da Índia é muito conservador! Vi casais passando apuros porque não tinham a Certidão de Casamento. Você só pode ficar no mesmo quarto com pessoas do mesmo sexo, ou seja, namorado não pode dormir no quarto da namorada, amigo não pode dormir no quarto da amiga. Apenas pessoas do mesmo sexo ou pessoas casadas que tenham o documento comprobatório.

Se você for pra Índia comemorar o seu namoro ou noivado, saiba, então, que deverão ficar em quartos separados. Eu não fiquei em nenhum hostel na Índia; acredito que esses albergues sigam a mesma regra.

Bem, depois de tantas alegrias e tantos desesperos, é hora de seguir viagem. Pra minha sorte, consegui convencer meu amigo Jayant a viajar comigo pra cidade mais sagrada da Índia – Varanasi.

Você se lembra o que eu passei no trem de Delhi pra Agra, né? rs

Por causa da minha claustrofobia, decidi que viajaria de avião para as outras cidades. Porém, enquanto estava em Agra, descobri que a cidade não tinha aeroporto. Então, para não passar o sufoco que passei naquele trem, resolvi viajar de ônibus de Agra para Varanasi.

Humm... viajar 16 horas em um ônibus indiano. Como deve ser?


(Passagem de ônibus para Varanasi)

Disseram que o ônibus estaria às 22h em frente à empresa onde compramos as passagens. Bem, depois de uma hora de atraso, um funcionário da empresa nos informou que os passageiros que ali estavam seriam levados para um outro local, já que o ônibus estava vindo de uma outra direção. Cara, não tente entender nada na Índia! rs

Quando o tuk-tuk chegou ao novo ponto de ônibus, fiquei um pouco aliviado ao encontrar dois alemães, uma chinesa e vários indianos de outros estados. Comecei a conversar com os estrangeiros e rimos, de nervoso, quando olhamos nossas passagens de ônibus. Cada passagem tinha um horário de partida diferente: na minha e do meu amigo era às 22h, na passagem do alemão, às 21h, na passagem da moça da China, às 21h30. Sendo que todos estávamos partindo do mesmo ponto. Meu amigo indiano olhava pra gente e dizia: “Welcome to India. Everything is possible in India.” A gente ria (um pouco, era de desespero).

Depois de mais duas horas, o ônibus finalmente chegou. Era inverno, estava uns 10 graus naquele dia.

       Havia medo, sonhos, cansaço, vontade de continuar percorrendo a Índia. Enfim, era um turbilhão de sentimentos dentro de mim que - ora me acalmavam, ora me desesperavam.

Bora viajar comigo para a cidade mais sagrada da Índia? A querida e caótica Varanasi nos espera, amigos leitores!🙏🏼



COMO CITAR ESTE RELATO? 


BATISTA-DUARTE, Ewerton. 3º Relato de Viagem (Agra). Viajando pela Índia! Deixe que a Índia te conheça. Bora lá? São José dos Campos, 09 set. 2018. Disponível em: <https://www.viajandopelaindia.com/2018/09/terceiro-relato-de-viagem-agra.html>. Acesso em: dia mês abreviado e ano do acesso. 






Comentários

  1. Ewerton, percebo que tudo vale a pena por um sonho... para realiza-lo você passou por tantas situacoes complicadas. Tem hora que o meu coração até bate forte quando leio algumas partes do seu relato. A índia deve ser muito intensa meso, pq até a gente sofre e fica feliz ao ler seu relato. Que loucura vc deve ter passado por tantos lugares. Mas vejo que valeu a pena porque vc mostra muito amor apesar dos pesares. Parabéns pelo blog... gostei também das fotos e video.
    Um dia queria ter a sua coragem rapaz.
    Um abraço

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    1. Muito obrigado pela interação, caro leitor!
      Tudo vale a pena por um sonho. No meu caso, eu poderia ter visitado o Taj Mahal 🕌 e pronto. Porém, a Índia tinha muitos outros planos, missões para mim.
      Olha, você tem toda a razão: eu passei por muitos perrengues em cada cantinho que visitei. Na verdade, esses perrengues foram lições de vida.
      Se é o teu sonho conhecer a Índia, bora lá! Se eu tive coragem de me entregar ao desconhecido, você também terá! Jogue pro universo. 🙏
      Um forte abraço! ❤️🇮🇳

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    2. Voce está certo mesmo Ewerton, vou jogar pro universo. Enquanto não crio coragem pra ir pra India ficarei aqui viajando com vc nos seus relatos.
      NAMASTE

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    3. Estou torcendo por você, querido amigo! Se precisar de alguma coisa, pode contar comigo.
      Muitíssimo obrigado pelo carinho! 😉😀🇮🇳

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  2. Novamente me delicio na leitura dos seus textos meu amigo. Parabéns!

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    1. Muito obrigado, querida Daniela! É um prazer compartilhar as vivências que tive no país místico.
      Não foi fácil relatar aqui as experiências que passei em Agra. Apesar de ser um sonho estar pertinho do Taj Mahal, foi um período de muita reflexão, indecisão, medos, angústia e, um pouco antes de deixar a cidade, LIBERTAÇÃO!
      Em breve, viajaremos para a cidade mais sagrada da Índia - Varanasi. 🙏🇮🇳
      Que bom que você está curtindo a aventura!
      Um grande abraço!
      ❤️🇮🇳✈️

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  3. Migo, o jeito que você escreve é muito bom! Fiquei claustrofóbica com vc ao ler o relato no trem e emocionada com a história da valorização com o professor.

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    1. Pegar um comboio indiano é uma experiência maravilhosa, mas quem tem claustrofobia... Ai, ai, ai, ai, ai!
      Por ser professora, você é considerada uma deusa na Índia. Quem dera se a sociedade brasileira tratasse seus professores com o mesmo respeito!!! 😪

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  4. Olá colega! A Índia tem lugares lindos mas é um lugar que não me atraí, até por coisas que vc colocou.
    Esses relatos nos ajudam muito para qualquer lugar que vamos, suas dicas são ótimas. Continue nos a atualizando . Abraços.

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    1. Muito obrigado pela leitura, querida Lilia! Gostei bastante da sua sinceridade. A Índia é um país muito desafiador e intenso. Não tem como não enxergar as inúmeras questões sociais por todas as cidades que visitamos.
      Fico feliz em ter a sua presença aqui conosco.
      Muito obrigado pelas dicas de Salvador, na Bahia. Eu amei conhecer aquela cidade!

      Um grande abraço, querida viajante!

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  5. Que desespero...quantas emoções e detalhes..mas adorei os relatos..Parabéns meu querido amigo.

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    1. Querida Bruna, o desespero na Índia é quase diário, pois são muitas forças interiores e exteriores que nos colocam em reflexão.
      Mais uma vez, muito obrigado por continuar viajando aqui conosco.
      Um forte abraço!

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